Curvilíneas queridas,
Será que isso já aconteceu com alguém? Duvido! Ninguém resolve engordar tantos quilos, mesmo que para se tornar modelo plus size, atriz ou sei lá o que! Ninguém escolhe estar fora dos padrões por que acha bacana, afinal se você está dentro dos padrões, ninguém enche o saco. E não foi o que aconteceu comigo também.
Eu já liguei muito para convenções impostas, mas aprendi que para ser feliz é preciso ter mente aberta, não se apegar a uma definição de alguém. Valorizo a multiplicidade! Sou dona da minha vida e não me baseio no que os outros pensam, e nem me pauto pelo julgamento das pessoas.
E não, eu não escolhi ter engordado. Foi um processo longo e difícil. Tentei todas as dietas, reeducação alimentar, exercícios, remédios, mas nada funcionou pra mim.
Também não prego que as pessoas tem que engordar pra serem felizes. Eu descobri o amor próprio e autoestima depois de gordinha, após ter sofrido muito por não me encaixar num estereótipo. Sempre dei preferência para o ser, e não para o aparentar, mas depois de gorda passei a valorizar ainda mais o
Por que não posso me amar sendo gorda? Porque não posso ser bonita? Porque não posso ser amada? Porque não posso ter uma vida sexual ativa e interessante? Porque não posso ser saudável?
Eu já fui muito magra, e sofria com as pessoas rindo de mim. Naquela época, mulher bonita e atraente tinha o corpo das Sheilas. Mas eu usava 38, media 90cm de quadril, e apesar de ter um bumbum bonito, não era tão grande quanto o delas. Eu não tinha peito também, e sonhava com o dia que colocaria silicone.
Depois da morte da minha avó, meu peso aumentou um pouquinho. Me tornei um mulherão que chamava muita atenção, era toda proporcional, tinha bumbum e peitos condizentes com meu corpo e incomodava umas e outras.
Nessa época eu jogava futebol e era bem tonificada. Fui muito zoada no colégio, ainda assim, e não tinha vontade de ir pra escola. Minha mãe tentou várias vezes uma solução com a direção e não adiantou. Foi quando eu resolvi do meu jeito. Foi uma confusão! Não recomendo a ninguém. rs
Me mantive com esse corpo até os 22/23 anos. Fiz boxe, malhava, fui vice-campeã de handball nas olimpíadas evangélicas de São Caetano do Sul. Jogava futebol também e caminhava muuuuito. Tenho desgaste patelo-femural desde novinha, quando era magrelinha, e não é qualquer atividade física que eu posso praticar. Tem que ser de baixo impacto.
Por pressão dos outros, resolvi emagrecer mais. Fui tentar da forma correta: endócrino, nutri e academia. Mas o médico me recomendou um coquetelzinho básico: anfepramona, femproporex, sibutramina e mais alguns. Em 1 mês emagreci 15kg e cheguei no meu objetivo da época.
Aí sofri a agressão, e aconteceu toda a reviravolta. Escrevi um texto sobre esse aumento de peso, para ler, clique aqui. Engordei muito e vivi um novo tipo de sofrimento: o sobrepeso.
Agora, as pessoas se incomodam com meu peso e minhas formas, mas sabe de uma coisa? Nunca agradaremos a todos, e eu nunca quis isso mesmo. Foi então que despertei pra vida e percebi que não importa o corpo que eu tenha, não importa o meu estilo, não importa o que aconteça, sempre vai haver quem não esteja satisfeito comigo ou gente que vai achar defeito e ser o do contra.
Eu tenho que me agradar, estar bem comigo mesma e ser honesta com meus sentimentos, por que vou conviver esse corpo enquanto eu viver. E vou me amar sim! Vou sempre gostar de cada pedacinho meu, sendo gorda ou magra, por que linda eu já nasci. hahahahaha
Se eu emagrecer alguns quilos, será ótimo, mas meu peso, alto ou baixo, não define meu estado de espírito ou humor. Eu sou feliz, por que sou assim! E escolho todos os dias olhar pros meus problemas e desafios e dizer: – Ei, eu sou muito maior e mais forte do que vocês, e vou vencer sorrindo e divando, por que quero levar uma vida sem imposições alheias.
Não nasci pra viver dentro de uma caixinha, com alguém ditando as regras, impondo suas vontades. Eu nasci com um espírito revolucionário, livre, com motivação para fazer diferente, sair do senso comum, ter minhas próprias ideias e decidir o que é melhor pra mim.
Sou criativa, inteligente, comunicativa, líder, desenrolada, dou sempre um jeito e não desisto enquanto não realizo o que me propus. Sou obstinada, e não é a crítica de alguém que vai me parar, aliás, as críticas só me impulsionam. Não faço dos outros meus degraus, e fico indignada quando fazem, ou tentam fazer, isso comigo. Aprendo fácil, sinto as intenções das pessoas pelo olhar ou palavras, consigo ler as situações com clareza, às vezes permito as pessoas irem longe, pra conhecer melhor o tipo com quem estou lidando.
Para quem já deu o veredicto de que todo gordo é doente, vou publicar meus exames para provar que está equivocado! Minha saúde vai bem, obrigada!
Quanto a beleza, acho que é algo subjetivo, por que o que um acha lindo, o outro pode achar horrível. Cada um tem suas preferências e o legal é respeitar as diferenças.
Sou uma mulher amada, tenho um marido que me mima, me respeita, me admira, me elogia, me incentiva e faz com que me sinta a mulher mais linda do universo. Tenho uma família que me acolhe, que cuida de mim, que me defende e me dá o suporte emocional que eu preciso.
Tenho amigos que me fazem sentir especial, que me transmitem segurança e o sentimento de pertencimento e com os quais eu dou as gargalhadas mais gostosas, tenho as experiências mais loucas e com quem posso rir, chorar sem precisar de máscaras. Eles me aceitam e me amam como sou. Com todas as qualidades e pontos a melhorar, por que eu não tenho defeitos… rs
E só pra constar: não é o gordo que é feio, é o preconceito nojento. Esse foi o post que a Record fez sobre minha participação no Hoje em Dia.
Acha que não existe preconceito? Então entra nesse post e lê os comentários. Lá tem bastante exemplo disso. E para estudiosos de redes sociais, um bom case de que as pessoas não lêem textos e querem dar opinião em tudo.
Sou feliz sim, com todos os meus quilos a mais. Me amo sim, com as minhas atuais formas, e vou me amar de qualquer jeito. Não preciso emagrecer para ser feliz, sou feliz por que consigo entender que não é peso, tamanho de roupa ou qualquer coisa externa que me alegra, mas sim quem sou, como reajo aos problemas e como eu me enxergo.
Deus nos fez plenos e livres de amarras mentais que nos prendem e nos puxam pra trás. Nós que permitimos e aceitamos o quanto as pessoas, e suas opiniões, nos afetam.
Dica: Quem quiser dar palpites na minha vida, primeiro pague minhas contas e então eu pensarei se aceito ou não a opinião.
Gente, vamos ser felizes. O tempo é agora, e quem escolhe somos nós.
Beijos,
Glê